Revista Montanhas Edicao Nº 4 - Agosto 2015

REVISTA MONTANHAS | 69 aterrorizante, podres, completamente podres e como éramos novos e não conhecíamos a história, só descobrimos depois que tratava-se da via Desfiladeiro das Catedrais. A parede da esquerda tem formação rochosa com granito, diferentemente do basalto intrudido que separa as duas montanhas. Lembro então, que amarrei meu grilon na cintura e subi pela parede preta até o primeiro grampo, munido com meu estribo e umas quatro ou cinco costuras de cordelete com mosquetões de aço. Ao chegar no início do artificial da parede do Abrolhos observei que a linha de grampos estava totalmente arrasada e sabe-se lá o que encontraríamos ao adentrar no degrau. Poderíamos ficar “ilhados” e ser resgatado (o que naquela época era sinônimo de desonra moral). Abandonamos a idéia e fomos escalar a oeste naquele dia. Passados uns 10 anos, tive a oportunidade de voltar ao Desfiladeiro das Catedrais com meu amigo e Montanhista Domingos Alvarez (Dominguinhos) com a determinação de repetirmos a via, abandonada desde a década de 60. Desta vez contávamos com equipamentos mais adequados, inclusive amigos e corda boa. Toquei a primeira cordada no artificial do terror, passando com dificuldade em A0/E5, ao laçar uma ponta de grampo com 3mm para poder dar uma passada até o penúltimo grampo, antes de adentrar no primeiro degrau. Duvidava que as outras costuras debaixo pudessem resistir caso o pino arrebentasse, mas foi. Com isso recebi a recompensa de visitar um belo e imenso santuário da natureza. O primeiro degrau está isolado entre duas paredes com mais de 200 metros e a saída FOTOS (nesta página e na próxima): 1 - Paliteiro da via Desfiladeiro da Catedral, década de 50 60, foto Bruno Lespinasse. 2 - Rafael Marzall no rapel mais extético dentro do Desfiladeiro, temporada 2012, foto Bruno Lespinasse. 3 - Chiquinho entrando no off with da via Monobloco, um dia após a conquista, temporada 2013, foto Bruno Lespinasse. 4 - Roniel Fonseca admirando as cores do Desfiladeiro, temporada 2013, foto Bruno Lespinasse. 5 - Visual do Colo entre Abrolhos e Torre dos Sinos, foto Julio Nogueira. 2 5

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