Revista Montanhas Edicao Nº 4 - Agosto 2015
Cordón Del Plata A meca do montanhismo Argentino A primeira coisa que chama atenção é o calor infernal. É uma manhã particularmente sufocante em Mendoza. Há dois dias saí da úmida cidade de Joinville, em Santa Catarina, com chuva borrifando no para-brisa do ônibus, frio e desconforto debaixo do ar-condiciona- do. E agora aqui, em pleno sol e ar seco da cidade Argentina. É quase meio-dia de uma quarta-feira escaldante de janeiro e o motorista anuncia a nossa chegada na Estación Terminal de Ómnibus. Finalmente! Foram aproximadamente dois mil e seiscentos quilôme- tros desde que saí do Brasil. Uma viagem em que o tempo repousava às margens da minha imaginação, que fantasiava de cenários des- conhecidos. Já no portal de desembarque defronto com outra novidade na atmosfera mendocina: o cheiro cosmopolita. Posso sentir o cheiro nômade que emana dos italianos, estadunidenses, alemães, colom- bianos e peruanos. O cheiro desse ambiente, porém, é um tanto di- ferente. Posso sentir a textura cultural, isto é, a identidade de cada viajante. É cheiro de suor, de aventura e de aromas que florescem dos nativos e forasteiros. Esse cheiro me conscientiza que sou apenas um, entre tantos outros peregrinos de passagem pelas estações do mundo. E finalmente, a descoberta mais esperada – as montanhas. A Cor- dilheira dos Andes. Como ela combina com esta paisagem, com esta cidade, com estes cheiros! Como se homem e montanha fossem uma unidade só, indissolúveis. No meio destes picos nevados, rochas e gelo, o homem também é um intruso, sedento por alguns minutos de prazer no topo das colinas. Entretanto, essa sede o faz mover com na- turalidade e resistência. Segue num ritmo determinado pela paixão. Um ritmo sem pressa, pois não se é possível conseguir tudo na vida. 18 | REVISTA MONTANHAS Texto e Fotos Jonatar Evaristo
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