Revista Montanhas Edicao Nº 4 - Agosto 2015

ou costura extra possa mitigar um pouco os efeitos da pri- meira lei. A segunda lei está cada vez mais ativa: “Todo corpo continua em seu estado de repouso no sofá a menos que seja forçado a mu- dar aquele estado por forças apli- cadas pela mente sobre ele.” (Não reclame, a ordem das Leis Físicas da Montanha não é a mesma das Leis de Newton!). Esta lei atinge cada vez mais montanhistas que tendem a ficar inertes no sofá e vivem uma “vida outdoor virtual”, na qual demonstra seus imensos conhecimentos no Facebook e listas de e-mails, mas cada vez menos frequentam a montanha. Um fenômeno correlacionado com esta lei que está em estudo é que o nível da chatice do indiví- duo tende a aumentar proporcio- nal ao quadrado do tempo que o indivíduo fica inerte. Ou seja, falando em termos leigos os es- caladores de sofá estão cada vez mais chatos cricris e sempre tema opinião certa sobre tudo. Paramitigar os efeitos desta lei é necessário a força mental; força mental para acordar cedo no fim de semana e ir para montanha, para lembrar que o difícil não é impossível e pode ser recompen- sador, para corre atrás dos sonhos e objetivos e se preparar para en- cará-los, força mental para saber Por Felipe Careli O Montanhismo e a Física Mesmo você não se dando conta disto, a física é extrema- mente ativa no dia a dia do mon- tanhista. A escalada, por exemplo, é uma constante queda de bra- ço com a gravidade, a sapatilha brinca com o atrito e a corda com a elasticidade. Estes são exem- plos das leis da física aplicadas ao montanhismo, mas existem leis específicas para quem vive no nosso meio, as Leis Físicas da Montanha. A primeira lei é conhecida por todos:“Os corpos tema suamassa aumentada ao longo do dia pro- porcionalmente ao cansaço do in- divíduo que os carrega.” Diversos experimentos comprovam esta lei. Um mosquetão no rack pesa míseros 200 gramas na base, mas depois de dez enfiadas você sente uns dois quilos te puxando para baixo. A sua mochila pesa 15 qui- los no começo da travessia e uma tonelada e meia no final! E isso porque você comeu quase toda comida que levou no primeiro dia para que o peso diminuísse. E a corda então: Você compra feliz aquela corda dos sonhos de 9,2 mm que quase não pesa enquanto a carrega até a via de escalada, se encorda tranquilo, utiliza fitas longas para diminuir o arrasto e mesmo assim depois de uns 30 metros de escalada parece que tem um urso amarrado logo abaixo de você. E tem solução? Não! Talvez escalar em solo e pelado seja a única forma de fugir realmente desta lei. Mas optar por materiais mais leves, ponderar se precisará ou não daquela roupa, comida que uma má performance não te define como escalador e foi so- mente umdia ruim, para saber di- ferenciar o que é diferente do que você gosta e o que é ruim, para le- vantar após cair e até para desistir quando é necessário! Enfim, a terceira lei: “Para toda ação auto-confiante há sempre uma reação oposta e de maior in- tensidade.” Ação: Meu colega que pesa 10 quilos a mais do que eu passou por aquela agarra estranha, não temproblema! Reação: Vaca!!! Ação: Não tem problema, não está quebrando mais nada na- quela parede, não precisa de ca- pacete! Reação: Pontos na testa. Ação: O Chão está molhado, mas está firme, dá para passar! Reação: Atolado até o joelho na lama. Ação: É por aqui, tenho cer- teza! Já fiz este caminho várias vezes. Reação: Resgate noturno pelos bombeiros. A solução é... Bem, este caso não tem solução, mas é esta lei que dá graça na vida! Bons ventos! Ilustração por Mike Cleland

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