Revista Montanhas Nº 3 - Outubro 2014
outros setores na região, com destaque para o Rupestre. Em conjunto com o Corpo Seco eles representam os principais setores de escalada de Piraí, em termos de quantidade e qualidade de vias. Com a descoberta desses setores, sonhos se transformavam em realidade, já não bastava somente a abertura das vias ou livrar os movimentos, era necessário um treinamento sério para subi-las sem quedas; esse era o objetivo principal. Com a colaboração de muitos escaladores, projetos duros foram encadenados a cada final de semana: História sem fim 8c, Formiga atômica 8a, A arte da guerra 8b, No bico do corvo 8c, Pó de mico 8c, Sujeito Galante 8b. Quando chegamos pela primeira vez na base da via Pó de mico não imaginávamos como essa linha seria escalada em livre e somente com proteções móveis; trata-se de uma jóia do setor Rupestre. Ela inicia em um diedro vertical, quase cego – onde se encaixa somente um micro-stopper. Os pés e as mãos precisam localizar os locais exatos de apoio. Os movimentos exigem uma técnica apurada de diedro, e onde não parecia existir nada surge uma fissura salvadora que encaixa o camalot 0.75 , outra peça 0.75 a alguns metros acima. A partir desse ponto o crux da via foi superado, mas ainda restam muitos metros de entalamentos e oposições até o final – 7a constante. No setor principal do Corpo Seco destaca-se a difícil e exposta viaHighway to Hell (Setor Corpo Seco). A princípio essa linha parecia somente um devaneio, que aos poucos se transformou em realidade com a primeira ascensão de Edmilson Padilha e a sugestão de 9c. Passaram-se alguns meses e outros aficionados também conseguiram encadená-la: Alessandro Haiduke, Elcio Muliki, Valdesir Machado e William Lacerda. Acreditoque essa evolução só foi possível porque existiam muitas pessoas realmente envolvidas, o que fortalecia a motivação de cada escalador. Todos que participaram do desenvolvimento dos novos setores de escaladas também colaboram ativamente para que essas ascensões se concretizassem: Elcio, Val, Taylor, Ed, Andrey, William, Márcio, Daniel. Ainda existem vários projetos que se mostram tão difíceis, ou quem sabe até mais que a Highway to Hell, como é o caso da Moby Dick (Setor Rupestre), uma via que ainda não foi livrada integralmente. Como escaladores, somos insatisfeitos por natureza, e a procura de novos desafios não tem fim. Qual será a via mais exigente? Qual será a via mais audaciosa? E a resposta é: a próxima, aquela que ainda não escalamos. * A letra E acrescida de um numeral revela o grau de exposição da escalada esportiva tradicional. Esse tipo de graduação vem sendo discutido há algum tempo em nosso país e é uma informação de grande importância, porque revela a dificuldade técnica em conjunto com a exposição. 1 4 5 6
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