Revista Montanhas Nº 3 - Outubro 2014
de prática. As escaladoras mais novas podem ter dificuldade para entender isso porque hoje existem milhares de vias esportivas variadas e de qualidade, espalhadas por muitas dezenas de lugares distintos em vários estados. Se a mulher está entediada, ou não gosta mesmo de escalar ou está com o parceiro errado. Neste último caso, é melhor arrumar outro e procurar escalar em outros lugares e com pessoas diferentes. Nenhumoutro esporte reúne tanta gente diferente e com culturas excepcionais. A escalada deve ser o único que te ensina a viver, velejar te ensina a viver sozinho e os outros esportes te ensinam a sair na porrada comos adversários... Como foi dito antes, o segmento da escalada esportiva é o que tem a maior concentração de mulheres e já apareceram muitas que se destacaram e outras tantas desapareceram. Nomes comuns ao longodos anos 2000 eramJanine Cardoso e Monica Pranzl, mas depois apareceram outras escaladoras muito fortes, como Vanessa Valentim e Gisely Ferraz, que escalavam vias de nono grau. Atualmente existem no Brasil tantas mulheres escalando em nível elevado que fica difícil lembrar de todas. É comum nos maiores picos de escalada do país encontrar mulheres entre 15 e 50 anos de idade subindo vias de oitavo grau, cena impossível de se ver nos anos 1980 e primeira metade da década de 1990. Hoje temos escaladoras como a Lu Di Franco, que em2014 se tornou a primeira brasileira a guiar uma via graduada em Xb, a Vaca Louca, na Barrinha. Porém, ela já havia tido sucesso na Crux com Filezão (Xa) em 2006, também na Barrinha, mas logo depois contraiu hérnia de disco e ficou mais de dois anos sem escalar. É impressionante vê-la escalando nesse nível depois do problema na coluna. AThais Makino também merece destaque. Escala muito em muros competindo a nível internacional. Na rocha virou especialista na escalada de blocos, tendo feito vias graduadas como V10. Além da Lu e da Thais, outras estão chegando no topo da pirâmide, entretanto, vale salientar que isso é feito por vontade própria, por amor ao esporte e por autoestima. Carla Souza escalando em casa, na via Diedro dos Grampos Mal Batidos V, Brejo da Madre de Deus - PE Unhas pintadas... Quem disse que escalar é para as brutas? Essa misteriosa na foto escala muito! Há muito espaço para a feminilidade nas montanhas, nós agradecemos!
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