Revista Montanhas Nº 2 Janeiro de 2014
O objetivo da parada equalizada é distribuir a força entre as ancoragens da melhor forma possível. Para alcançar isto, o mosquetão tem que ter a liber- dade de se mover na fita. Mas e se uma ancoragem falhar ou quebrar? O que acontece? Se o mosquetão que está na ancoragem em uma das chapeletas simplesmente quebrar, desaba na outra ancoragem com o peso do escalador e do segurador, a força é aumentada devido ao aumento da altura da queda, causando um tranco bastante significativo (cerca de 40% a mais!) na única ancoragem que restou. Para evitar este tranco, quando há possibilidades de uma das proteções falhar, há duas soluções: Fixar o triângulo com um único nó na fita. Desta forma abre-se mão da auto equalização. Fazer um nó em cada parte, permitindo um movimento pequeno do mosquetão. Esta solução parece boa, mas na prática é muito trabalhoso dimensionar os dois lados, fazer o nó no lugar certo e soltá-lo depois. PARADA AUTO-EQUALIZÁVEL COM COSTURA DIRECIONADORA Essa montagem provavelmente é a forma mais comum e utilizada. A partir da tradição das paradas equalizadas e o início do uso de freios que não funcionam com tranco vin- do de baixo (ATC, Oito) surgiu uma forma equivocada de montar a parada: A equalização recebe o mosquetão mãe (ou mosquetão base). A costura direcionadora é colocada no grampo de saída da parada, para garantir que o tranco de uma eventual queda venha de cima e assim o ATC possa funcionar de forma adequada. Vamos fazer algumas considerações: Qual é o ponto que recebe a força de uma suposta queda Fator 2? É a costura direcionadora com o grampo onde ela foi clipada. A parada é equalizada, mas a costura é equalizada? Claro que não! Ou seja, em uma eventual queda não há distribuição da força entre os grampos. Se alguma coisa apresenta o risco de romper na queda do escalador que está guiando será o grampo/chapeleta da costura, certo? Claro que esta é uma probabilidade baixa, já que qualquer grampo (ou chapeleta) razoável é capaz de suportar 9kN de força sem problemas.. Mas, caso o grampo da costura se rompa, o que nos sobra para receber o tranco (as forças restantes) ? É o mosquetão- mãe com a fita fixada no outro grampo. Houve alguma distribuição de forças? Novamente, não, já que sobrou apenas um grampo. Pior ainda, a fitas descem até o mosquetão-mãe e isso acarreta um tranco (força) adicional ao grampo restante. Medições mostraram que esse tranco adicional chega a 40% além da força já aplicada. Ou seja, o segundo grampo precisa ser bem melhor do que aquele que já rompeu – e agora não tem mais nenhuma segunda chance! Ou seja, a costura direcionadora não representa um problema em proteções fixas sólidas. Entretanto, paradas auto equalizáveis (“slide X”, “magic slider”, “magic X”) são uma ilusão e aumentam o risco quando usamos proteções fixas corroídas ou duvidosas. Vamos ver adiante quais são as alternativas para essa situação?
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