Revista Montanhas Nº 2 Janeiro de 2014
Cathedral Peak (3004m) D evido aos incêndios florestais dos últimos meses, e que apesar de praticamente con- trolados, ainda punham em risco algumas áreas, tivemos que dar uma grande volta por cima do vale, utilizando o Sonora Pass ao invés do Tioga Pass, que seria o caminho mais curto até Yosemite. Optamos por ficar num pequeno hotel, logo na entrada do parque, uns 120 dólares a diária. Claro que existem diversas opções de camping mais baratas, mas os dois velhinhos aqui queriam ficar confortavelmente instalados, com uma boa cama e chuveiro! Um outro problema é que nesta época de alta temporada, todos os campings dentro do vale estavam lotados. A única opção gratuita emYosemite é o famoso Camp4, mas que obviamente também esta- va lotado. Para conseguir acampar no Camp4 você deve ficar numa fila enorme que começa logo cedo na frente da cabana do administrador, e não há garantia ou reserva de vagas. Depois de um primeiro dia de aclimatação no vale, onde fizemos algumas vias menores, agora era a vez do Cathedral Peak, uma parede triangular lindíssima com aproximadamente 300m de extensão. A aproximação mais curta, lhe permite tranquilamente sair do vale, escalar a montanha e voltar em apenas um dia. Com dificuldade de apenas um 5.6 ou seja, um 4º grau brasileiro, a parede sudeste não tem uma via definida, pode-se escalá-la por inúmeras variantes, fendas, travessias, chaminés e diedros que aos poucos vão todos convergindo ao topo. Não há novamente qualquer proteção fixa, e por mais que você decida ir para um lado ou outro, dificilmente passará qualquer lance mais forte que um 5º grau. A rocha é de excelente qualidade e as possibilidades de proteções infinitas; um verdadeiro “campo escola” pra quem quer se aventurar em grandes paredes com proteções móveis! Mas não pense que por ser fácil você não vai se divertir. A escalada é lindíssima e a medida que o topo se aproxima, a parede fica um pouco mais de pé com lances constantes. O cume é pequeno e dá uma visão maravilhosa do Half Dome ao fundo e toda a High Sierra ao seu redor. Apesar do dia ensolarado e de céu absolutamente azul no fim do verão, o vento gelado e fortíssimo no cume nos fez bater os dentes mesmo com casacos de pluma. Portanto não subestime a montanha e vá preparado! A descida, como de costume, deu um trabalhinho para achar o caminho correto da “deses- calada”, porém são lances fáceis por cerca de 100 metros, e depois chega-se a trilha que contorna a montanha levando de volta a base. Agulha ao lado do cume do Cathedral Peak - Foto Alê Silva Marco Nalon entrando na parede do Cathedral Peak, dezenas de linhas possíveis a seguir - Foto Alê Silva REVISTA MONTANHAS | 61
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