Revista Montanhas Nº 2 Janeiro de 2014
Viva LAS VEGAS! (Day off) P rimeira montanha + grande altitude + perninhas ainda mal acostumadas = Dois velhinhos imprestáveis no dia seguinte. Sendo assim, pra passar dois dias descan- sando no meio do nada ou 2 dias em off em Las Vegas, adivinha o que escolhemos? Uma boa comida, um bom banho, um excelente show e uma fezinha nos cassinos no pri- meiro dia. E como ninguém é de ferro, uma escaladinha emRed Rocks no segundo dia nos colo- caramnovamente nos eixos. Incredible Hulk (3505m) S aímos de Las Vegas e pé na estrada para Bridgeport, cidade base para o Hulk. Nossa estratégia foi a mesma doWhitney: caminhada até a base num dia e bivaque - escalada, recolher acampamento e voltar pro carro no outro. Já mais espertos com o que deu, e o que não deu certo no Whitney, desta vez acertamos a quantidade de comida, equipamentos e roupas para a montanha. Vale lembrar que é“obrigatório” levar toda a comida num“Bear Canister”, uma espécie de barril plástico, “anti-urso”, que pode ser alugado na cidade por U$3 o dia. A via escolhida para o Hulk foi a The Red Dihedral, um sexto grau já bem mais exigente, com 12 enfiadas numa parede muito mais de pé, e novamente sem qualquer tipo de proteção fixa. Como era praxe entre nós, o mais velho da dupla sempre começava a via e depois íamos alternando a guiada. Quando enfim chegamos ao tal diedro vermelho, que dá nome à via, tive o prazer de guiar a enfiada o que sem dúvida foi daquelas pra ficar na memória. Pra lá da metade e um tanto tijolado, uma escorregada de pé e o vôo... Uoooouuuu, já fazia um bom tempo que eu não dava um vôo des- ses; tranquilamente uns 20m pra baixo, parei sem avarias num potente stopper, que inclusive ficou por lá, pois só o saca nuts não foi suficiente pra tirá-lo. Um diedro perfeito, de pé, com entalamentos de mão e uma parede que ora dava aderência, ora ficava lisa. Que a primeira vista parecia pe- queno, mas que nos consumiu a corda toda de 60m, sem dúvida o ponto alto da viagem. Como é comum em paredes grandes, o cume nunca é aquele que você está vendo de baixo; a gente escalava, escalava e dá-lhe parede pra cima! Vale destacar a última enfiada: uma chaminé curta de uns 7 metros, em offwidht, onde você passa, de acordo com o croqui, por um “túnel”, que de túnel não tem nada. Aquilo é sim um buraco apertadíssimo e claustrofóbico, que com mochila vira um pesadelo. Tive que pendurar a mochila com uma longa fita entre as pernas e vir arrastando pela parede. Passada essa memorável experiência, você está enfim no cume! Muito legal é que nessa montanha tinha um livro de cume, então assinamos e fomos em busca do ponto de descida. Mais uma vez repito que chegar anoitecendo e ter que descer aquilo a luz de headlamps teria sido um terror. A desescalada não é fácil e é bem longa. Foram pelo menos uns 200 metros de um 3º grau bem delicado, pra não dizer um 4º, com muitas pedras soltas até uma base de rapel que nos levou a gully (garganta). Um único rapel com corda de 60m já dá aces- so ao gully, e depois disso aquela pernada de 2 horas pra baixo em terreno bem instável. Recolhemos nossas coisas no bivaque e tocamos pra baixo em mais um dia bem longo, chegando já por volta das 21h no carro. Marco Nalon e Alê Silva em uma das paradas da via The Red Dihedral no Incredible Hulk Alê Silva e Marco Nalon no local de bivaque com Incredible Hulk ao fundo A lindíssima pirâmide de granito do Incredible Hulk - Foto Alê Silva Marco Nalon na segurança da enfiada que dá nome a via “The Red Dihedral” - Foto Alê Silva
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