Revista Montanhas Nº 2 Janeiro de 2014

40 | REVISTA MONTANHAS A EVOLUÇÃO - DO JEITO QUE VOCÊ AI Surgiu uma discussão na Internet sobre se a escalada nacional evoluiu pouco ou muito nas duas últimas décadas. Porém, para entender melhor esta evolução é preciso ir mais longe, procurar saber o que aconteceu nas décadas anteriores. Nesta análise será considerada a escalada no estado do Rio de Janeiro, que é a mais bem documentada em termos históricos em livros, boletins e onze guias de escalada publicados. Um paralelo pode ser feito para os estados que tem história consolidada, como PR, RS, SC e SP. No resto do país a escalada somente tomou força nas últimas duas décadas, quando foram criadas as comunidades locais. P rimeiro é preciso entender que antes nós não diferenciá- vamos as modalidades de escalada tal como é feito hoje, o máximo que fazíamos era distinguir as vias artificiais, o resto era chamado de paredão ou chaminé. O termo escalada esportiva era desconhecido, começou a ser usado aqui emmeados dos anos 1980. Aliás, a escalada esportiva brasileira já nasceu estranha, um pouco também do que aconteceu nos EUA. Se na Europa escalada esportiva significava vias superprotegidas por chapas (E1), onde o sujeito não precisava ter medo de cair, nas nossas primeiras vias era preciso ser mais forte no controle emo- cional do que nos músculos. Está com dúvida? Experimente es- calar as primeiras vias da falésia dos Ácidos, no Rio, abertas entre 1982 e 1984, ou no Anhangava (PR). A Lamúrias de UmViciado, de 1991, na Serra do Cipó, também serve de exemplo. Por outro lado, algumas vias tradicionais clássicas brasileiras (vias com grampos) graduadas entre V e VIIa e com artificiais A0, já eram “esportivas”, mas ninguém sabia disso. O desafio era subir sem segurar ou pi- sar nos grampos. Mas para conhecer melhor esta história existem boas fontes indicadas na bibliografia. Sendo assim, a escalada es- portiva “moderna“ no Brasil começou mesmo no início dos anos 90. Obviamente não quero dizer que antes escalar era coisa para macho, era apenas diferente... mas você tinha que ter coragem! Não podemos medir a evolução da escalada brasileira apenas pelo avanço na graduação, como mostra a tabela 1. Por exemplo, levamos vinte anos para sair do Xa e chegar ao XIb, mas será que isso foi pouco? Provavelmente não, omais importante é o aumen- to no número de escaladores e o número de vias abertas de qua- lidade. Como é difícil mensurar o número de escaladores ativos devido à alta rotatividade entre os que começam e os que param, o número de vias abertas é um dado sólido, que pode mostrar melhor tal evolução. A tabela 2 exemplifica bem o que aconteceu em toda a história da escalada documentada no Rio de Janeiro. Da escalada não documentada, dificilmente saberemos.

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