Revista Montanhas Nº 2 Janeiro de 2014
22 | REVISTA MONTANHAS D izem que quem escala no nordeste é porque realmente gosta do esporte. Afinal de contas, encarar o calor que reina 365 dias durante o ano (tirando ocasionais períodos de chuva), uma vegetação agressiva, cheia de espinhos, plantas que coçam, em resumo, toda uma flora adaptada para manter qualquer ser vivo longe, só realmente gostando muito. A décima segunda edição do Encontro de Escaladores do Nordeste, que aconteceu em Algodão de Jandaíra, durante os dias 15, 16 e 17 de novembro desse ano, fez muita gente mudar esse pensamento, e colocou a cidade definitivamente no circuito da escalada Nordestina. XII edição do Encontro de Escaladores DO Nordeste revela novo pico para o esporte na Paraíba Algodão de Jandaíra fica a cerca de 150km da capital João Pessoa. É uma cidade bem pequena, com cerca de três mil habitantes, que não é passa- gem para lugar nenhum e provavelmente nunca foi destino de ninguém. Mas esse ano foi destino de pelo menos 170 escaladores do nordeste e de alguns outros estados brasileiros, que vieram em peso para o evento mais tradicional da região e que todo ano se repete em um estado diferente, para a edição desse ano, a Revista Montanhas foi uma das empresas que apoiaram o evento, como tem feito com quase todos os festivais e encontros que acontecem pelo Brasil a fora. Esse ano a organização da Paraíba resolveu fugir do tradicional pico da Pedra da Boca e investiu na criação de um novo “point” de escalada. O que para alguns pareceu loucura, acabou se tornando o princi- pal trunfo do encontro. Praticamente todos os participantes do evento ficaram maravilhados com a surpresa que foi Al- godão de Jandaíra. A rocha do lugar é de extrema qualidade. Um granito macio, com boa formação de agarras, que possibilitou vias de variados estilos e para todos os níveis. Os vários setores permitiam que se escalasse o dia inteiro, sempre fugindo do sol para os setores com sombra. Claro que isso gerou um pouco de congestiona- mento nos principais setores como a Pedra da Cabe- ça, o mais cobiçado da manhã, e a Pedra do Caboclo, a alternativa mais visada das tardes. Mas com um total de mais de oitenta vias, espalhadas em nove setores, todos muito bem sinalizados e com trilhas bem tratadas, Algodão de Jandaíra fornecia espaço suficiente para todos os escaladores que visitaram a cidade se divertirem. Todas essas vias e setores estavam muito bem catalogados no guia do local, que fornecia todas as in- formações necessárias para se escalar emAlgodão sem precisar de ajuda. Acesso para os setores, localização das vias, equipamentos necessários, horários de sol e sombra em cada setor, e até mesmo uma muito útil tabela comparativa de friends. Com certeza um ótimo modelo a se seguir para os próximos encontros. Como atrações para o evento desse ano, a orga- nização trouxe os escaladores Raphael Nishimura, Flávio Daflon e Sérgio Tartari, que proferiram pales- tras e ministraram oficinas. Na primeira noite, Ra- phael Nishimura apresentou sua palestra “Escalando os Desafios da Vida”para uma plateia atenta de esca- ladores que lutavam com outra surpresa de Algodão: o frio. Parece mentira, mas de noite no semi-árido nordestino até que faz um friozinho bom, o que fez muita gente tirar o agasalho da mochila para ficar mais confortável durante a palestra e se inspirar com o exem- plo de Raphael, em sua primeira visita ao nordeste. Além das palestras, a organização preparou algu- 1 Por Felisberto Porto e Neudson Aquino
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