Revista Montanhas Nº 2 Janeiro de 2014

local começou a ser desbravado pelos escala- dores locais há cerca de 20 anos, porém foi a partir de 2008 que a escalada se consolidou e desde então o número de visitantes ao local só aumenta. Na ótica do desenvolvimento do esporte na região de Joinville e Jaraguá do Sul, o setor tem propiciado um au- mento significativo tanto do grau alcançado por escaladores locais, quanto pelo incremento de mais um estilo agregan- do experiência para outras modalidades do esporte. Quem reconhece isso e vem frequentando o local, consegue ob- servar claramente, pois além da escalada propriamente dita, ainda ganha com intercâmbio de conhecimento devido a vinda de esportistas de vários lugares, tanto do Brasil como do exterior, isso não acontecia em outros setores catarinen- ses. Quem está de fora, com certeza está perdendo uma ex- celente oportunidade, por isso não perca tempo, venha logo. Mas vamos ao que realmente interessa, as vias e o apren- dizado que elas proporcionam. Conforme os croquis elabo- rados (que podem ser encontrados no site http://www.ecos- damontanha.blogspot.com.br/ ), existem sete setores, todos próximos, de fácil acesso e bem equipados para escaladores de todos os níveis. São mais de setenta vias disponíveis aos amantes da escalada esportiva. Para quem está iniciando, o setor Café com Leite é a me- lhor opção, vias curtas de 5º e 6º graus. Recomendo tam- bém provar a via Anônima 6º sup no setor principal, é uma via bem interessante com um crux em uma passada de bide- do bem legal. Fazendo essa via, já vai dar pra ter uma ideia do tipo de escalada local e suas agarras. Se você escala 7º grau com certeza vai alucinar na clássi- ca Dona Lila 7a uma das vias mais legais do pico, levemente negativa, comprida, bem protegida e só com agarras gran- des, uma saída aérea e marota garante a aventura. Outro sétimo grau interessante é a Processo Anabólico um 7b de aresta, mais técnico do que de força, onde o posicionamen- to é fundamental. Vias de oitavo grau recomendamos a Abonai 8b uma linha natural bem estética e com um crux bem definido e forte, passando o crux é só manter a calma e garantir na re- sistência. Tem também a Sinapse Nervosa, outro 8b de qua- lidade e comprida, essa fica no setor Vale Perdido ao lado da D. Lila, passadas estéticas e de continuidade, com certeza uma via cinco estrelas. No setor Planeta dos Macacos tem também um ótimo 8b chamado de Macaco Mijão, uma via negativa de continuidade em boas agarras. Corupá é o que é, devido a quantidade de vias de grau ele- vado. Vias de nono grau tem de dois estilos: “curta e grossa” ou de resistência. A via Boca Mordendo 9b, segue uma linha de agarras boas e umcrux duro no final. Outra via bemboa é a Pedra Lascada 9a, essa é uma escalada de continuidade, com um crux difícil e uma sequência de resistência. As melhores do setor, nesse grau, são sem dúvida a ares- ta Duro na Queda 9b e a clássica Seixo-no-ia 9c, ambas estão localizadas no setor principal onde estão as maiores linhas. A Seixo é o sonho de consumo de muitos escaladores for- tes, uma linha grande de resistência, com agarras incríveis. Quando você acha que a via acabou, ainda tem um lance de boulder nas últimas agarras, é normal perder a cadena nesse ponto, tentando buscar a última agarra pra costurar a base. As vias mais fortes são de décimo grau. Por enquanto a mais dura é a Menino Bangue Bangue 10c, legado deixado pelo portuga José de Abreu, em 2009. É uma via bem longa, já começa em movimentos de boulder bem difíceis e não alivia até o final. De 10a são duas vias de cinco estrelas, Humildade no Ar e Influenza, ambas bem longas e negativas. São vias distintas, uma comum crux bemdefinido e a outra de continuidade. A Humildade tem agarras boas e bons descansos, porém com uma passada difícil no meio da via, um belo crux de boulder. Já a Influenza é continuidade pura, com boas agarras mas sem um descanso significativo, é uma escalada sem parar muito, “toca toca” até a parada. Um dos pontos altos do local é o tipo de rocha, o conglomerado, que proporciona uma escalada peculiar e exigente. E como nada vem de graça, os lances exigem criatividade, mas também proporcionam diversas possibilidades e movimentos. São monodedos, bidedos, abaulados, regletes e pinças para todos os gostos. “Repito, Corupá é o futuro. Atualmente já tem algumas vias equipadas esperando a primeira ascensão, projetos na casa do décimo primeiro grau, destaque para o setor 45º, onde força e tensão corporal são as principais caraterísticas para poder provar dessas linhas, alguém se habilita? “ O comentário é de Daniel Casas convidando escaladores de todo o Brasil que gostam da escalada esportiva a irem conhecer as vias de lá. Na página ao lado: Rafael Ianczyk na via Seixo no ia 9c, foto de Andréia Pesarini Amorin. Nesta página: Daniel Casas na via Humildade no Ar 10a, foto de Cinthia Hillmann

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