REVISTA MONTANHAS Nº 1 SETEMBRO/OUTUBRO 2013

dagem”. Nada feito. Mas pedalamos tanto. Então, mesmo pagando, resol- vemos ficar mais quatro dias e, deta- lhe, sem equipamento para via. No primeiro dia escalamos caçan- do ponta de corda e pedindo a cadei- rinha. Desta forma escalamos muito e conhecemos toda galera. A partir do segundo dia, vários escaladores vinham até nós oferecendo o equipa- mento:“olha! Hoje é meu dia de des- canso, fique com minha corda...” e as- sim foi com as costuras e cadeirinhas. Impressionante! Nada nos faltou, es- calamos muito e fizemos amizades que duram até hoje! No último dia estávamos sem sa- ber para onde ir. Chega um carro no camping, sai uma cara e grita “Tooo- miiiiiii”. Era o Rod, amigo antigo do Tomi, e proprietário do camping do Rod, sítio com um setor de escalada a 60 kmdali. Contamos nossa história e fomos convidados a ficar na casa dele por quanto tempo quiséssemos. Fomos, logo nossos equipamentos foramenviados e nos sentimos“crian- ças num parque de diversões”. Escala- mos freneticamente por um mês! Es- calar no Calcário é muito bom! Uma escalada solta. Seremos eternamente gratos ao Rod por ter nos proporcio- nado tamanha diversão! De lá fomos até o Pico da Bandeira, a terceira maior montanha do Brasil (tríplice fronteira MG-RJ-ES). Subimos e vimos o sol nascer, uma das cenas mais lindas que já vimos, um mar de nuvens, infinito! Descemos de quase dois mil me- tros de altitude e fomos à zero, para Arraial do Cabo-RJ (cidade natal da Flora), onde terminou a viagem. De- pois disso tudo, sermos acolhidos pela família, poder dormir muito, des- cansar e comer... Ao todo foram 109 dias, alguns milhares de quilômetros e muitas lições. E esta foi a viagem mais longa que fizemos de bicicleta. Hoje temos compromissos, preocu- pações e carro, então a ciclo escalada tem ficado cada vez mais de lado... Mas fizemos uma muito boa em ja- neiro deste ano, de Curitiba a Corupá –SC, pela Serra da Dona Francisca, to- talizando 210km Saímos da casa com chuva e logo na primeira hora de pedal furou o pneu. Ainda assim continuamos, pois em Corupá é possível escalar com chuva. Tomamos chuva o dia todo, mas foi muito divertido! Às quatro da tarde começamos a procurar um local para dormir já no pé da Serra da Dona Francisca. Recebemos vários “nãos” e mesmo querendo pagar, não nos aceitaram em um hotel enorme e vazio. Estáva- mos sujos e molhados, devem ter se assustado com nossa aparência. Até que pedimos emuma casa, e por mais uma daquelas boas surpresas do uni- verso, o dono nos contou que quando tinha a nossa idade havia ido até o Paraguai pedalando com os amigos, e claro com bom ciclista aventureiro ele nos deu abrigo, tomamos umbom banho quente e jantamos com sua fa- mília. Dormimos abrigados e secos. No dia seguinte, encaramos a Serra da Dona Francisca. Linda e difícil. Chegamos a Corupá no fim do dia e encontramos muitos amigos no se- tor. Nos cinco dias que ficamos por lá, foram muitas escaladas, muita surra (Flora) e muitas cadenas (Tomi).Volta- mos de ônibus. A ciclo escalada é muito boa, uma forma de acessar os setores sem po- luir e ainda rende um treino muito forte. Muitos escaladores descobri- ram a magia de chegar ao setor de escalada pedalando. Experimente a ciclo escalada você também! REVISTA MONTANHAS | 57

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