REVISTA MONTANHAS Nº 1 SETEMBRO/OUTUBRO 2013

S abe quando você entra pra escalar uma via com aquele lance de inclinação “ne- gativa”ou teto e escapam os pés da pare- de. E aí, você conseguiu voltar os pés com rapidez e precisão? Não? Sempre ouvi dizer que o bom escalador escala com os pés, e não com as mãos. Na verdade é um conjunto, mas os pés tem papel essencial para uma boa escalada, certo?? Pois é, mas não é só isso. Sabemos que a esca- lada envolve vários outros fatores (físicos, psicoló- gicos, técnicos, etc). Ocorre que, normalmente, quem está iniciando preocupa-se demasiadamente com o fortaleci- mento dos braços, enquanto a musculatura abdo- minal e lombar, por exemplo, ficam para segundo ou terceiro plano, quem dirá outros fatores. Toda vez que perdemos o contato dos dois pés com a parede, é inevitável que aconteça o pendulo ou o balanço do corpo e a sobrecarga nos braços se torne muito grande. Por isso, durante a maioria dos movimentos de escalada, temos que buscar manter os pés e as mãos apoiados na parede utili- zando a técnica correta, e isso nem sempre é fácil. O músculo Transverso do abdômem tem um papel fundamental na estabilização da coluna lombar. Para executar suas funções de forma mais efetiva, seu treinamento deve ser específico, atra- vés de exercícios de CORE. O “CORE” é uma unidade integrada composta de 29 pares de músculos que suportam o comple- xo quadril-pélvico-lombar. Atividades como Pilates, Yoga ou exercícios funcionais são uma boa pedida para o fortaleci- mento da musculatura estabilizadora, e o acom- panhamento de um profissional de Educação Física é fundamental. Importância do Core na escalada Fortalecer a musculatura estabilizadora da coluna pode lhe ajudar a permanecer mais tempo na parede e fazer você escalar mais sólido e equilibrado. graves (inclusive com fatalidades), mas que por um motivo ou outro não chegaram oficialmente ao ban- co de dados e ficaram fora das estatísticas. Aboanotíciaéqueemjunhodesteano,AndréPereira (hoje residente no Canadá) assumiu a coordenação do banco de dados da CBME e promete já para dezembro umrelatórioatualizadodosacidentesdemontanha. André se baseou no trabalho do Clube Alpino do Canadá, quemantémumbanco de dados de aciden- tes no site da entidade. O formulário foi levemente redesenhado, baseado no da American Alpine Club, mas adaptadoparanossa realidade. Após preenchido e enviado o formulário online, o relato é revisado por duas pessoas e então disponibilizado para consulta. Esse processo dura em torno de dois ou três dias (não mais que sete), a não ser que haja algum tipo de pro- Os benefícios de ter um CORE fortalecido vão desde manter o quadril na posição correta e ajudar a manter o tronco controlado durante os movimentos como auxiliar a gerar força para os movimentos do tronco. Além de dar formato na cintura e manter o alinhamento da coluna lombar. Além disso, ele ainda previne a aparição de do- res na coluna e até mesmo lesões como a famosa hérnia de disco. Quer melhorar seu desempenho na escalada? Acompanhe as dicas sobre exercícios e treino nas próximas edições. blema comrelato, como informações desencontradas ou falta de identificação do relator, por exemplo. Apesar da necessidade de se identificar para fa- zer o relato no site, o anonimato é mantido em sua divulgação. “ Esperamos com isso evitar que pessoas envolvidas em acidentes e incidentes se sintam ini- bidas em relatá-los”, destaca André. Também não é necessário estar diretamente envolvido para incluir um relato e até mesmo transcrições de reportagens, informações da mídia oumensagens de listas de dis- cussão são bem-vindas. O banco de dados também está aberto para relatos de incidentes. Comisso, foi possível constatar umgrande númerode incidentescausadosporerrosdeusodaauto- segurança, por exemplo. Esse fato trazido à atenção de quem consulta o banco de dados com certeza vai dimi- nuir achancedequecometamerrosemelhante. Relatos provenientes de outras modalidades que se utilizam das mesmas técnicas e equipamentos do montanhismo, podem e devem ser incluídos: escala- da em todas suas variações, canyoning, espeleologia, rapel, alpinismo industrial, caminhada em trilha, etc. Incidentes ou acidentes envolvendo Brasileiros no exterior tambémdevem ser relatados. “Enviar um relato para a CBME é uma contribuição muito significativa para esta e futuras safras de escala- dores. É umato simples, mas que com toda certeza vai estar salvando vidas. Essa é minha convicção e minha principal motivação para doar meu tempo para a ma- nutençãodobancode dados”, finalizaAndré Pereira. Para acessar obancode relatos de acidentes da CBME » www.cbme.org.br/relato Por Roberto Lazzari Junior Colunista RevistaMontanhas REVISTA MONTANHAS | 39

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