REVISTA MONTANHAS Nº 1 SETEMBRO/OUTUBRO 2013

E scalar o Bauzinho era uma es- calada que estava sendo adia- da por ter uma trilha ruim para acessar a base das vias e por falta de parceiro para essa escalada. Há pou- comais de 2meses passei por uma ci- rurgia no cérebro que mudou minha vida, um implante Neuromodular para minimizar os efeitos da Distonia Muscular no meu corpo. Depois de treinar para melhorar o preparo físico, marcamos de escalar a via Galba Ataide no Bauzinho em São Bento do Sapucai - SP no dia 24 de Agosto. Participaram dessa aven- tura o Daniel de Andrade, Alexandre Karam, Victor Hugo Germano, Davi Caetano e Lucas Genofre. Apesar das melhoras para eu andar, os líderes dessa escalada Ale e Victor optaram por descer de rapel até a base, sem dúvida o rapel mais tenso que eu já fiz, pois a via tem cerca de 150 me- tros e descer nunca é tão legal quan- to escalar, com todos na base da via começamos a escalar. A saída da via é bem estranha, precisa trabalhar bem a perna, e eu precisei de algumas ten- tativas para fazê-la. Após essa saída a via fica bem tranquila até a primeira para- da, para chegar até a segunda parada existe um crux, com uma movimentação que eu não estou acostumado a fazer, existe uma barriga que para passar deve- se fazer uma oposição jogando o corpo para esquerda, subir o pé direito bem alto, quase na altura da mão, montar no pé direito, ganhar altura. Depois na mão esquerda tem uma abaulada, ganha mais altura e bate numa agarra boa mais a cima. Para resumir é quase uma virada de boulder á uns 40 metros de altura, na segunda cordada fica o crux da via, um lance de aderência bem ruim também, existe um mão bem mais ou menos e usar os pés em pequena sali- ências que para mim não rolava, minha movimentação das pernas ainda não é lá grande coisa e o cansaço estava bem forte. Enfim não teve jeito, precisei rou- bar, o Ale prevendo essa situação, mon- tou um corrimão unindo várias fitas! O Lucas foi o único que mandou o lance, já que o Ale, Victor e Davi estavam lá para ajudar na logística e filmar nossa escalada, após esse crux tudo fica mais fácil! A quarta e última enfiada é a mais tranquila, ainda bem, pois o cansaço estava enorme, a escalada demorou um pouco mais que o previsto, pois começamos a descer umas 10h30 e chegamos no cume umas 17h30. Sem dúvida fazer uma escalada tradicional me traz outros sentimentos, a vis- ta lá de cima, a técnica usada, é preciso saber o que se esta fazendo, escolher bem os parceiros, aprender e ensinar técnicas que não conheço, o cansaço é outro, mas o desafio é muito motivador. Essa é uma escalada que marcou mi- nha vida porque agora sei que posso encarar mais paredões, apesar de gostar muito de escalada esportiva e boulder, fica até difícil quando me perguntam qual estilo eu mais gosto de escalar. Eu sempre respondo que eu curto escalar independente do que, talvez por isso eu acabe conhecendo muitos points de escalada, não ficando preso a uma única modalidade. Para fechar o fim de escalada, no domingo ainda rolou um boulder lá no setor Aranha! Aproveito aqui o espaço cedido pela Revista Montanhas para desejar muita sorte a vocês e agradecer aos meus amigos que estavam escalando comigo! Escalar para mim nunca foi um problema, já andar e fazer as trilhas sempre foi meu crux.Isso está passando, pois já caminho sem muitas dificuldades e agora posso conhecer locais que eu evitava por causa da trilha. superação Texto e Foto por Raphael Nishimura REVISTA MONTANHAS | 31

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